Por: Anísio Saber Filho
Mais uma semana se passou e com ela mais sete dias de saudade
acrescentados em minha vida. Saudade dos amigos que não vejo há muito
tempo e saudade dos amigos mais recentes e que igual falta me fazem!
Ah!... Saudade dos meus tempos de ginásio e de curtir meus amores platônicos, e foram tantos, e até hoje fazem parte das minhas melhores lembranças, mas sempre ficaram nos limites da minha imaginação.
Como eu sofria, amar à distância, onde a reciprocidade não existia e bastava um simples olhar, trocado furtivamente, para alimentar meus sonhos, eternizados na dolorosa dúvida quanto ao seu significado!...
Saudade dos meus tempos de estudante universitário, às vezes, recuperado nos encontros fortuitos, em datas incertas, mas que se tornam verdadeiramente certas, quanto acontecem e se materializam por aquele abraço longo e apertado, a tentar recuperar o tempo perdido em nossas lutas diárias, a não permitirem que não tenhamos essa espécie de sentimento!
Ás vezes me pergunto: será que os jovens têm saudade ou este
sentimento é próprio de quem, com eu, já tem uma longa estrada
percorrida e, ao olhar para trás, quase não reconhece mais o rosto das
pessoas que ficaram por lá, transformadas, simplesmente, nessa palavra abstrata, a transitar por nossas fantasias e que chamamos de saudade?
São muitos os adjetivos que poderiam definir esse sentimento e todos
eles querem representar os momentos da nossa história de vida, que
podem ser tristes ou alegres, melancólicos ou simplesmente
nostálgicos, mas a palavra saudade é somente um substantivo,
aparentemente fragilizado por esses adjetivos, mas com a força do
poder feminino que a caracteriza, encerra em suas letras toda a
pujança e a fortaleza própria da mulher, que, com sua singeleza, dá a
interpretação perfeita a essa palavra carregada de sentidos!
Nós os homens, tomados por essa força feminina, aprendemos a usar essa palavra com suavidade , principalmente quando nos dirigimos a uma mulher, a quem queremos expressar o desejo do quanto a sua presença nos faz falta!
Hoje “matamos” a saudade mais pelo mundo virtual do que no real, um lamento que registro com veemência e até permito-me lançar mão do texto de uma grande amiga que também não concorda com tanta virtualidade, a quem agradeço por sua preciosa colaboração:
“O mundo virtual ”engana” a saudade, mas no fundo só o contato físico faz com que ela passe. Tem a saudade de quem se foi, que mistura saudade e angústia, uma vez que não há nada que faça ela passar”.
Disse ainda “que os jovens sentem saudade, muitas vezes, até com mais intensidade, devido à falta de experiência e acabam atropelando a ordem dos acontecimentos. Como tudo na vida é aprendizado, nos tornamos mais maduros para lidarmos com sentimentos angustiantes!”.
SAUDADE! s.f. – O que dizem os dicionários: “Recordação, ao mesmo tempo, triste e suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; pesar pela ausência de pessoas queridas; nostalgia; lembranças afetuosas de pessoas ausentes”.
Estava escrevendo esta crônica por partes e não tinha (e ainda não tenho) amínima idéia que final daria a ela, ante a perspectiva de esperar que o tempo e os meus próprios sentimentos, a partir das pessoas por quem tenho muito
afeto e carinho, pudessem definir ou redefinir o significado dessa palavra tão suave que chamamos de Saudade e que tem a primazia de embalar nossos sentimentos e, não sei por que, procura esconder uma sensação íntima, que não pode ser revelada,para ficar restrita aos limites de nossos corações!...
E, assim, vamos caminhando, conhecendo o que seria o nosso destino, a partir de nossas lembranças, porque não nos é dado, escolher o nosso futuro, a confundir nossos pensamentos, mas sem tirar o direito de sonharmos com todas as metáforas possíveis, na tentativa de revivermos o que de melhor a vida nos ofereceu e que hoje restringe-se, somente, a uma pequenina palavra, de tantos significados, chamada Saudade!...
sexta-feira, 26 de março de 2010
Assinar:
Comentários (Atom)
