quarta-feira, 22 de novembro de 2017
CAMINHADA MATINAL: A LIÇÃO!
CAMINHADA MATINAL: A LIÇÃO!
Por Anisio Saber Filho
Caminhava eu, por uma das ruas de meu bairro, um hábito antigo que me agrada bastante, observando a natureza, sem pressa, com todas as suas nuances e mensagens, algumas subjacentes, que nos levam a acreditar em nossos sonhos, outras, por sua vez, tão explicitas, de uma lógica tão sensata, que nos remete ao presente de nossa realidade, sem muitos sonhos, sem ser demasiadamente pragmático, no enfrentamento daquilo que a vida nos apresenta como missão!
Que leitura! A natureza é um livro aberto, para que todos leiam e entendam o que ela quer dizer. Tantas coisas a serem observadas, tantas mensagens, algumas boas, outras nem tanto, e muitas das vezes nem percebemos o recado premente que as ruas nos dão, porque estamos mais preocupados com os nossos próprios botões!
Olho para uma árvore frondosa, suas folhas muito verdes, apresentando os primeiros sinais da flor que brotará, anunciando um novo tempo, é a primavera chegando, para florir o mundo, amenizar as nossas adversidades e embalar nossos sonhos.
No passo seguinte, embaixo de uma marquise, um corpo inerte, debaixo de um cobertor de peleja, anunciava o desprezo do ser humano por outro, como se somente nós existíssemos e, estranhamente, uma placa, estava a exibir a trágica situação, uma simples e dolorosa palavra, em letras garrafais, grafada por um pixador, dava o tom da tragédia: FOME. Não sei se como denúncia ou deboche!
Tanta coisa para ver, em mais ou menos uma hora, que daria para escrever um livro e, mais adiante, um cachorrinho despertava a atenção de todos, meio esquálido, talvez subnutrido, comendo a ração e a água fresca que a bondade humana lhe deu e, nesse triste contraste, bem perto dali, o homem sob o cobertor provavelmente com fome e sede, ignorado por sua invisibilidade, aos olhos de todos!
Mas ele não era invisível, estava ali, eu vi e continuei minha caminhada, a esta altura com uma culpa que atingia em cheio meu coração, que incluía todos os seres humanos omissos e principalmente a mim, que tudo percebi e segui em frente, não por causa do cachorrinho, que merecia a atenção das pessoas, mas o que levaria um homem ao próprio exílio, ao auto-abandono e que coisa terrível e irremediável o teria levado a isso?
Jamais vamos saber, porque não nos interessamos por ele, embora soubéssemos o problema do cachorrinho, mas e ele, acredito que deve ter uma história prá contar, um passado que talvez até quisesse ignorar, mas nós também o ignoramos e essa pode ser a razão de ter se excluído da vida?
Por que chegamos a esse ponto, de tratarmos um ser humano como se não existisse, que, talvez, nem precisasse de um prato de comida, nem de um copo d’água, de sua sede saciada, mas de uma palavra, de ver que se preocuparam com ele e de uma luz que se acendesse em seu coração e que o levasse a acreditar que poderia recuperar o que deixou prá traz ou seguir um novo caminho fora daquela realidade tão deprimente!
Já caminhei hoje o suficiente para entender que as lições estão aí, no nosso cotidiano, para quem quiser aprender e que nós não podemos desconhecer o mundo que nos cerca, porque estamos nesse contexto e precisamos olhar, com os mesmos olhos, para todos os lados, dar comida ao cachorrinho e ver que o cara ao lado precisa se livrar daquele cobertor e renascer para a vida!
terça-feira, 7 de novembro de 2017
ESTRANHOS TEMPOS
ESTRANHOS TEMPOS
Tempos estranhos, muito estranhos mesmo, estão modificando o sentido da moral neste século XXI e não vejo nenhum sentido prático nisso.
Será que é por falta de algo mais importante para ser debatido ou por que não querem mais entrar em debates sobre coisas mais sérias? Será que excederam o conhecimento e agora querem debater banalidades, ou será falta de cultura mesmo?
Estamos nos distanciando dos verdadeiros valores, necessários à sobrevivência humana, carregando de importância, discussões que sociólogos, psicólogos e pensadores das áureas épocas do Iluminismo, não perderiam tempo em analisarem como evolução, determinados comportamentos, defendidos, com tanta veemência por setores da sociedade, nas suas diversas vertentes, numa proporção que dá bem a idéia do nível cultural que estamos a defender hoje!
Não vou externar aqui quais valores são esses, porque todos sabem quais são e pretendo, a critério de cada um, que façam sua própria análise e ele próprio determinar se vale a pena defender propostas que não vão livrar o mundo de uma consciência nefasta, onde temas de muita importância, não estão tendo o mesmo valor, daqueles que ocupam a todo instante as páginas das redes sociais e a mídia em geral!
O pior de tudo é que florestas estão queimando por todo planeta, o véu de ozônio com um buraco descomunal, desmatamento desenfreado, rios poluídos, verdadeiros depósitos de restos fecais, o mundo à beira da Terceira Guerra Mundial, quando governantes tresloucados estão doidos para apertarem o botão vermelho das bombas nucleares que arrasarão o planeta, mas isto, que deveria ser a preocupação de todos, está restrito a uma minoria persistente!
Enquanto isto, estamos por aí, discutindo o sexo dos anjos, como se fosse a última bandeira a ser defendida, demonstrando, para si mesmo, o grau de importância que dá aos seus próprios valores! Aliás, desvalores! Ressalvados alguns abnegados, que felizmente existem, e ainda conseguem fazer algum barulho na defesa do nosso planeta e brilharem no campo das idéias, que é onde sempre quero ser escalado para jogar!
Entramos na era do conhecimento, proporcionada pela internet e todas essas redes de comunicação direta, possibilitadas a nós, pelo próprio homem, que ainda pensa e deseja um mundo melhor, desde MacLuhann, que previu tudo isso, onde todos possamos nos comunicar para o bem próprio, onde a reciprocidade aconteça com toda a sua essência, na grande busca da elevação e preservação dos nossos ideais, mesmo os mais primários, que precisam ser mantidos e que estão sendo perdidos em meio a tantas futilidades.
Por isso não consigo entender por que não estamos aproveitamento essa porta, escancarada prá nós, onde podemos entrar sem medo, porque o que está lá é o conhecimento, e conhecimento não pode nos amedrontar, muito pelo contrário, nos encoraja a entrar por outros caminhos que eram desconhecidos, mas igualmente maravilhosos e que não podem ser desperdiçados!
Não podemos perder essa oportunidade! Depois pode ser que não dê mais tempo!Tentar consertar um erro é mais difícil do que fazer a coisa certa!
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