Anísio Saber Filho
O escritor é um ser especial, escolhido por Deus, para dizer aos outros através da palavra escrita algo muito importante, mas que não foi dito, a ele, sobre o quê deveria escrever.
Aí reside o grande mistério e tal qual um alquimista em busca da pedra filosofal, o escritor sai em busca das palavras que julga certas naquele momento, mas que não sabe quais são, até descobri-las e organizá-las, dando-lhes o sentido da lógica, não para transformá-las em ouro, como pretende a alquimia, mas para buscar o significado da mensagem que espera ser aquela que Deus lhe atribuiu.
E neste buscar constante, ele nunca acha que o último livro, sua última poesia, o último conto ou até mesmo a última crônica, eram verdadeiramente a sua grande mensagem, que lhe dessem a sensação do dever cumprido e que seria a sua redenção perante seus leitores.
É maravilhoso se pensar assim e acredito, sinceramente, que o privilégio, negado aos escritores sobre qual seria sua mensagem final e definitiva, os conduz a essa busca constante, sem descanso, e como conseqüência nos presenteiam com palavras de pura sensibilidade e emoção, que compartilham conosco, com prazer e sem egoísmos .
O escritor não escreve para si. Escreve na esperança de que alguém leia seus livros e neste sincretismo, quase religioso, acontece o fenômeno da simbiose, a interação entre ele e o leitor - é a sua realização pessoal. Aí sim, mexem com sua vaidade, seu ego se exalta e lhe dá o combustível necessário para continuar a caminhada em direção do seu “absoluto e definitivo texto”.
A verdade é que o fato de não conhecer, por antecipação, o seu tema absoluto, parece dar ao escritor a oportunidade de viver um pouco mais que as pessoas comuns, uma sabedoria Divina e justa, para quem tem a missão, quase apostólica, de dizer para os outros aquilo que para ele representa a verdade do momento e mesmo que não a tenha vivenciado, sem dúvida alguma, ele a sentiu intensamente.
Tudo faz sentido para os escritores, nada é jogado ao acaso, como se valor algum tivesse. Numa simples caminhada, pela manhã, como quem não quer nada, um escritor descobre, ou redescobre, num simples passeio ou mesmo num fato corriqueiro, um grande tema e o transforma em livro.
E, assim, página por página, de livro em livro o escritor vai renascendo e nos mostrando o seu caminho, trilha por trilha, parte de seu cotidiano ou de sua privilegiada inspiração, transportando para seus leitores, todos os momentos emocionados de suas descobertas, e, como num toque de mágica, transformam palavras esquecidas em mensagens que jamais esqueceremos e que, muitas das vezes, norteiam até mesmo os nossos destinos!
A eles o meu muito obrigado – uma gratidão sincera e comovente – porque a partir deles, fui encaminhado no mundo da literatura e da filosofia, onde alcancei o conhecimento que tenho das coisas e da vida – passada, presente e uma visão pragmática do que nos espera o futuro - e se não cheguei à intelectualidade, ao conhecimento pleno da existência humana, a culpa foi exclusivamente minha!...
sábado, 14 de novembro de 2009
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