domingo, 7 de agosto de 2011

QUE MUNDO É ESTE?...

QUE MUNDO É ESSE?...
Anísio Saber Filho


Às vezes fico pensando, até com certa tristeza, sobre o mundo em que vivemos, esse mundo atual, que se diz moderno e globalizado e sem restrição alguma, cuja palavra parece ter tomado outro significado, que não o da integração em todos os sentidos da existência humana!
Na verdade, o que se vê é a intenção de um grupo de neo-liberais, deitados sobre os privilégios dessa malfadada globalização, espalhados pelos quatro cantos da Terra, usufruindo dessa definição unilateral, dada por eles mesmos, a essa palavra tão abrangente, mas recolhida a uma insignificância econômica, que jamais pretendeu ser globalizante em sua plenitude, como concebeu Marshall McLuhan, quando se referiu à globalização dos meios de comunicação, como fator de integração entre os seres humanos, o que, hoje, é uma realidade, mas que, infelizmente, não viveu o suficiente para confirmar suas teorias.
Como conseqüência, as pessoas perderam a capacidade de compadecerem de seus semelhantes, vítimas dessa modernidade, que nos impele a um consumismo sem precedentes, estimulados, que somos, pelo bombardeio diário a que nos submetem, cujo único objetivo é o de movimentar essa engrenagem capitalista que está levando o mundo à auto-mutilação de seus princípios, onde os ideais dos homens estão sendo substituídos pela necessidade de se ganhar dinheiro, a qualquer custo, como se fosse um alimento imprescindível às nossas reais necessidades de sobrevivência.
“Consuma mais e mais e viva mais e mais”.
Que crueldade com os seres humanos, que não vêem mais o tempo passar, porque a cada dia trabalha mais e mais, para poder atender a tantas demandas consumistas e, sem tempo até mesmo para lembrar-se de sua própria existência, nem sente mais a alegria de viver, e acaba por consumir-se a si mesmo, numa rotina insana, imposta por essa força hercúlea, lamentavelmente, alimentada pelo nosso próprio trabalho, contra a qual não temos como nos defender.
E, com isso, os homens perdem a sua delicadeza, não havendo mais lugar para um gesto de amor ou de carinho, ultrapassados que foram pela brutalidade do mundo atual, onde a desonestidade e a esperteza adquiriram status de pós-graduação e de doutorado, tornando o homem vulnerável a todos os tipos de falcatruas, protagonizadas por aqueles que detêm o poder, seja político ou econômico!
É desalentador, saber que a grande maioria dos homens se descambou para uma individualidade perigosa, para tentar defender-se, e, sem perceber, põe em risco um dos mais nobres sentimentos, que é o da participação e da comunicação entre as pessoas, baseados no respeito mútuo, no amor e na ajuda recíproca, sem interesses que não correspondam ou que possam ferir os limites da moral e da coexistência humana!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

BRASILIA: ARQUITETURA DEZ, MORALIDADE ZERO

Anísio Saber Filho


Uma das mais belas obras arquitetônicas concebidas pelo homem, ou melhor, pelo mais ilustre arquiteto que o mundo moderno conheceu, transpira, por suas entranhas, os mais variados tipos de lama, de todas as cores e matizes e de muitos odores, cada um mais fétido que o outro, produzida em escala nacional e atirada sobre nós, brasileiros, por seus “ilustres” moradores, conspurcando aquilo que foi, um dia, o sonho maior de Juscelino Kubitschek!

Praticam negociatas na mesma proporção com que trocam de camisa e de mulheres, numa vergonhosa e desmedida busca do dinheiro fácil, não importando a sua origem, mesmo que isto cause a desgraça do povo brasileiro e o atraso dos nossos municípios, mas estas questões nunca preocupam nossos políticos, que só pensam em si, e dão a pior denominação possível a essa categoria, maculando uma democracia, que nem acabara de nascer e já padece de males tão incuráveis, causados por essa corja de políticos corruptos e ladrões, onde o patriotismo e a honestidade são simplesmente palavras arcaicas, esquecidas nos velhos dicionários palacianos, cujos significados já não tem sentido algum para eles!

O que mais me estarrece é quando um deputado ou senador é acusado de algum ato ilícito, os demais colegas o acusam com tanta veemência, esbravejando honestidade para os quatro cantos do país, como se fossem o último esteio, a última e definitiva barreira em defesa da moralidade, numa bem urdida, mas mal disfarçada, falácia dos habitantes temporários de Brasília – alguns ficam até que a morte nos livrem deles - numa interpretação digna dos grandes atores, embora, como tal, saibamos, de antemão, que é pura representação para um povo, que só vota porque é obrigado, perdendo seu precioso tempo, num dia de domingo, votando em quem não lhe dá nenhuma credibilidade ou respeito, mas que, em virtude dessa obrigatoriedade, acaba por coonestar o mandato de todos eles. Coisas do Brasil!...

E tem mais, os acusadores de hoje são os acusados de amanhã, por isto a farsa da acusação que jamais será levada a julgamento ou a qualquer tipo de punição, porque todos ou quase todos - gostaria de acreditar em exceção e acho até que existe, em escala ínfima – se defendem mutuamente, advogando em causa própria da acusação de corrupção, instituindo, no Congresso Nacional, uma “Constituição” paralela, para uso próprio, em detrimento dos interesses de nosso país e de todo o povo brasileiro!

A triste constatação a que cheguei e disso não tenho mais dúvidas, é que o padrão moral praticado em Brasília é muito diferente daquele usualmente praticado pela grande maioria dos brasileiros, que se vêem arrolados pela opinião pública internacional, nesse “balaio de gatos”, ou de gatunos, sem nunca terem participado de qualquer ato vergonhoso ou de favorecimento por corrupção e não têm, sequer, a mínima chance de se defenderem,onde grande parte dos meios de comunicação se omite e só se manifesta em defesa dos ricos e poderosos!

Ao contrário de tudo isto, aqueles que se dedicam ao trabalho honesto acabam sofrendo as conseqüências econômicas por se oporem a essas forças contrárias ao primado da honestidade, porque preocupam-se mais com sua dignidade do que com o dinheiro inexplicável e, assim, levam sua vida trabalhando duramente, sem as benesses desses favorecimentos imorais e mais uma vez acabam pagando por isto ao se aposentarem, quando são roubados pelo Governo Federal, que lhes tira o sustento e o direito de saldarem seus compromissos, como se aposentado não pagasse contas!...

Louvo o trabalho do saudoso presidente Juscelino, mas a mudança da capital para o Planalto Central tirou do Congresso Nacional os olhos vigilantes do povo, que, bem ou mal, conseguia inibir a roubalheira que se instalou no país após Brasília, que, por ser tão distante dos nossos principais centros urbanos, dá uma prazerosa imunidade aos ladrões que se apossaram do Brasil e, como já disse anteriormente, às custas de nossos votos!

A salvação do País está em tirar a capital de Brasília, retornando-a para o Rio de Janeiro, de onde nunca deveria ter saído, para que nós, que defendemos, com o rigor das Leis, um Estado de Decência, possamos exercer uma fiscalização ferrenha e cobrar desses caras o patriotismo que nunca tiveram no longínquo Planalto Central e resgatarmos para o Congresso Nacional o padrão moral que há mais de cinquenta anos vem sendo jogado na lama por esses maus brasileiros!!!