Anísio Saber Filho
Ler é um hábito muito gostoso e deve ser cultivado com bastante freqüência, mas me causa arrepios quando tenho ímpetos de ler algum livro de mais de duzentos e cinqüenta páginas e, agora, contrariando minha própria natureza, estou lendo um de mais de quinhentas páginas, que desloca uma massa corpórea de quase um quilograma, e eu a carregá-lo pra lá e pra cá, exigindo de mim um esforço físico próprio dos vikings e não de quem está interessado em acrescentar algo em favor de seu intelecto, além do mais, tornam-se chatos e cansativos diante daquelas páginas intermináveis, nos abarrotando com mesmices que poderiam ser eliminadas e torná-lo mais ágil e mais agradável ao bem estar dos pobres leitores.
O livro que estou lendo é o que está na moda, é o mais comentado e controvertido do momento e para falar sobre ele, discordar ou não do texto, preciso saber o que o autor Dan Brown diz em seu famigerado livro: ”O Código da Vinci”.
A verdade é que já estou lendo há algum tempo, porém insisto na tese sobre o tamanho do livro e seu peso, arrochado em suas quinhentas e tantas páginas e nós, em pleno Terceiro Milênio, onde nossas vidas (nada é mais absurdo do que isto) não cabem mais na exigüidade de um dia de vinte e quatro horas, a ocuparem as únicas horas livres que duramente conquistamos para usufruir de um assunto que parece revelar mais a megalomania do escritor do que, propriamente, a nobre missão de manter todo o seu contexto no mesmo nível das primeiras duzentas e cinqüenta páginas.
É isso aí, duzentas e cinqüenta páginas, a quantidade ideal para um livro que se pretende leve e ágil, com espaço suficiente para qualquer escritor colocar suas idéias em pratica, com princípio, meio e fim, sem aquelas repetições chatérrimas, algumas sem sentido algum, sem encher o saco dos outros, com tantas baboseiras como se vê por aí e que predispõe o leitor ao desânimo de gastar horas que nunca terminarão, para chegar à última página, numa torturante rotina, a que se impôs, na intenção de chegar ao fim do livro, muitas das vezes, com a frustrante sensação de já conhecer o seu final, porque já o lera antes, lá pelas cercanias das duzentas e cinqüenta páginas!...
Hoje, finalmente, terminei a longa e, às vezes, maçante e cansativa leitura do livro “Ö Código da Vinci” e, sinceramente, me agradou mais como romance policial, do que a explícita e indisfarçável intenção de atingir a Igreja Católica, posição assumida em todo o texto pelo autor que, acredito eu, por ter, ele, nascido em um país de maioria não católica, deve ter lá as suas razões, pouco convincentes, em minha opinião, nesta tentativa frustrada de desmoralizar a Igreja e ferir seus fiéis em sua fé, tornando mentirosos todos os seus dogmas e sacramentos.
É, e sempre foi assim, e os católicos vêm resistindo, pacificamente, a este tiroteio que vem de todas as partes, protagonizados por autores de livros, por cineastas, por pintores e artistas plásticos em geral, não comprometidos com os princípios que regem a teologia cristã, talvez motivados por seus constantes fracassos, partem em busca de temas que provocam traumas ou discussões em todo o mundo, principalmente os religiosos, ganhando notoriedade e fazendo fortuna, metendo o pau na Igreja Católica, baseados em conjecturas contemporâneas ou até mesmo antigas, como é o caso do quadro Mona Lisa, pintado por Da Vinci, por volta de 1503 e que serviu de inspiração para o escritor Dan Brown, especular ou tentar desmentir uma história de mais de dois mil anos.
Eu, particularmente, não sofri nenhum abalo quanto às minhas convicções religiosas e minha fé continua intacta e não seria a partir desse livro, tão contemporâneo quanto suas idéias, que iriam modificar meu estado de espírito, porque não prova coisa alguma, principalmente porque Leonardo, por ser homossexual, deve ter sido muito combatido pelos religiosos da época, daí sua particular intenção de macular a Igreja que tanto o combateu!
E quanto à acusação de que Constantino, no ano de 395, alterou a Sagrada Escritura, modificando a trajetória de vida de Madalena, na pretensão de tirar o poder que a mulher tinha sobre a Igreja, a própria história desmente esta versão, uma vez que N. S. Senhora - mãe de Jesus - é tão cultuada e respeitada pelos católicos quanto seu filho e venerada no mesmo plano espiritual e religioso de Jesus Cristo, que, após ter ressuscitado e deixar o mundo terrestre em definitivo, deixou com sua mãe a responsabilidade de cuidar e de propagar seus ensinamentos.
Como já disse anteriormente, achei um bom livro policial, mas para meu gosto absoluto e insofismável, gostaria que os nomes dos personagens fossem outros, que não os nomes bíblicos, devendo o autor, ater-se, tão somente, ao tema, sem os objetivos mórbidos que o moveram, mas se assim o fizesse, acredito eu, correria o risco de não ter a mesma repercussão, e a fortuna de Dan Brown, com toda certeza, seria infinitamente menor do que é hoje!...
Os assuntos religiosos são considerados um tabu para a grande maioria das pessoas e por isso atraem a atenção e a curiosidade do mundo inteiro, e por serem bastante complexos, muitas vezes são tratados de maneira leviana e
irresponsável por um autor qualquer, como se fosse o décimo terceiro apóstolo de Cristo, prerrogando-se o direito de alterar o que está escrito há milênios.Como se pode notar, este é um assunto intocável para a humanidade e para os católicos então, nem se fala, que seguem a doutrina da Igreja, onde a fé está acima da razão - condição primordial para se chegar à salvação e ao Paraíso!
sábado, 10 de outubro de 2009
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